Foto: Divulgação.
ANSIEDADE DE CRIANÇAS E JOVENS CRESCEU MAIS DE 1000% NOS
ÚLTIMOS 10 ANOS
Especialista aponta que realidade é resultado de uma
combinação complexa de fatores sociais, culturais, tecnológicos e psicológicos.
O aumento significativo dos casos de ansiedade entre crianças
e adolescentes tem chamado a atenção de especialistas. Pesquisa realizada pelo
Ministério da Saúde em 2024 mostra que, em 10 anos, os atendimentos
relacionados a transtornos de ansiedade no SUS aumentaram 1.575% entre as
crianças de 10 a 14 anos. Entre os adolescentes, de 15 a 19 anos, o avanço foi
ainda maior: de 4.423%. Entre os adolescentes de 19 a 24 anos, o avanço foi
ainda mais acentuado: de mais de 3.300%, saltando de 1.534 atendimentos, em
2014, para 53.514.
Segundo Fernando Padovan, Mestre em Avaliação Psicológica e
Saúde Mental e Professor do Curso de Psicologia da Faculdade Santa Marcelina,
essa realidade é resultado de uma combinação complexa de fatores sociais,
culturais, tecnológicos e psicológicos. Entre os principais motivos está a
transformação na dinâmica familiar, com pais cada vez mais ausentes devido a
longas jornadas de trabalho ou distância de redes de apoio.
"Com essa nova realidade, muitas crianças passam longos
períodos em escolas, creches ou sob os cuidados de terceiros, o que pode
comprometer o suporte emocional adequado e impactar diretamente sua segurança
psicológica", explica Padovan.
Outro fator apontado pelo especialista é o uso excessivo de
dispositivos digitais, que tem reduzido as interações presenciais e
comprometido o desenvolvimento de habilidades sociais essenciais. "O
isolamento virtual pode levar à dificuldade em lidar com situações de pressão e
frustração, tornando os jovens mais vulneráveis à ansiedade e à insegurança
emocional", ressalta o professor.
Redes sociais tem impacto significado na
autoestima
Com o acesso cada vez mais precoce às redes sociais, crianças
e adolescentes estão expostos a conteúdos que podem impactar diretamente sua
autoestima. O professor Padovan destaca que aplicativos como o TikTok, onde
jovens compartilham vídeos de danças e performances, podem criar padrões
inalcançáveis e aumentar a pressão social.
"Quando uma criança não consegue reproduzir uma
coreografia ou não recebe a mesma quantidade de curtidas e visualizações que
outras crianças e/ou influenciadores, pode desenvolver sentimentos de
inferioridade e frustração", alerta.
Além disso, o consumo excessivo desse tipo de conteúdo está
associado ao fenômeno conhecido comoBrain Rot ("apodrecimento
cerebral", em tradução livre), caracterizado pela perda de capacidade de
concentração e pensamento crítico.
Recomendações para famílias e alternativas de
tratamento
Para minimizar os impactos negativos e ajudar jovens que
sofrem de ansiedade, Padovan recomenda que os pais estejam mais presentes no
dia a dia dos filhos e incentivem o equilíbrio entre o uso da tecnologia e
atividades presenciais. "Promover espaços de diálogo e acolhimento é
essencial. As crianças precisam sentir que têm um ambiente seguro para
expressar suas emoções e inseguranças", orienta.
O tratamento da ansiedade requer um acompanhamento
profissional adequado, sendo a psicoterapia um dos principais recursos. "A
atuação do psicólogo é fundamental para auxiliar o jovem a desenvolver
habilidades emocionais e sociais. Além disso, atividades que estimulem a
criatividade, o contato com a natureza e a interação social podem ser grandes
aliadas", completa Padovan.
Veja abaixo as dicas selecionadas pelo Professor Fernando
Padovan:
Acolhimento e proximidade emocional:
Escuta ativa: Esteja presente e demonstre interesse genuíno
pelos sentimentos e preocupações da criança ou adolescente. Evite minimizar ou
ignorar suas emoções.
Ambiente seguro: Crie um espaço onde o jovem se
sinta seguro para expressar suas angústias sem medo de julgamento ou punição,
muito importante na adolescência.
Rotina estável: Estabelecer uma rotina
previsível pode ajudar a reduzir a ansiedade, proporcionando sensação de
controle e segurança, muito importante na infância.
Limites e equilíbrio no uso de tecnologia:
Monitoramento: Acompanhe o tempo que a criança ou
adolescente passa em frente às telas e os tipos de conteúdo que consome.
Estabeleça limites saudáveis.
Incentivo a atividades manuais: Promova atividades que não
envolvam tecnologia, como esportes, leitura, artes ou brincadeiras ao ar livre,
que ajudam a desenvolver habilidades sociais e emocionais.
Busca por ajuda profissional:
Psicoterapia: Incentive a participação em psicoterapia, ajuda
a criança ou adolescente a entender e gerenciar suas emoções.
Orientação aos pais: Os pais também podem se
beneficiar de orientação psicológica para aprender como apoiar melhor seus
filhos e lidar com suas próprias emoções.
FONTE crédito : NOTÍCIAS AO MINUTO.