Senadores abrem mão de discurso e votação do impeachment pode ocorrer ainda hoje Fonte: Último Segundo - iG
Por Agência Brasil | 09/08/2016 20:00
Fonte: Último Segundo - iG @ http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2016-08-09/impeachment-dilma-senado.html
Ane de Araújo/Agência Senado - 9.8.16
Com o
intervalo mais curto, a expectativa é que o plenário encerre a votação do
relatório de Antonio Anastasia até a 0h
Seguindo o exemplo
dos senadores do PSDB, que aceitaram retirar suas inscrições para falar na
sessão de pronúncia do impeachment da presidente Dilma
Rousseff, mais oito parlamentares retiraram o nome da lista de inscritos para
discursar nesta terça-feira (9). Com isso, a votação do relatório de Antonio
Anastasia (PSDB-MG) poderá ocorrer antes da meia-noite.
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A retirada foi
articulada pelo líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), que também abriu mão de
falar na tentativa de tornar mais rápida a votação. Além dele, os senadores
Garibaldi Alves (PMDB-RN), Wilder Moraes (DEM-GO), Davi Alcolumbre (DEM-AP),
Ciro Nogueira (PP-PI), Romero Jucá (PMDB-RR), Raimundo Lira (PMDB-PB), José
Maranhão (PMDB-MA) e Zezé Perrela (PTB-MG) abdicaram do direito de discursar.
O senador Fernando
Bezerra Coelho (PSB-PE) aceitou reduzir seu tempo de fala de dez para
cinco minutos. “Com essa retirada, vamos ganhar quase três horas”, afirmou
Eunício Oliveira em entrevista ao sair para o intervalo da sessão, que também
foi reduzido de uma hora para 30 minutos. Mais cedo, seis senadores do PSDB
abriram mão de falar para serem representados pelo presidente do partido, Aécio
Neves (MG).
“Estamos ganhando
tempo, ganhando prazo. Mesmo porque hoje é apenas a pronúncia da presidente.
Tanto é que o quórum [para aprovação] é maioria simples. O julgamento mesmo
virá depois”, disse Eunício. Segundo o senador, o objetivo é evitar que o
julgamento de Dilma seja concluído somente em setembro. “Estamos ganhando tempo
para não postergarmos isso para o mês que vem.”
Defensora de Dilma, a
senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) considerou a manobra para acelerar a
sessão “lamentável”. “Eles já tinham orientado seus senadores a não se
inscreverem. Como alguns, mesmo assim, se inscreveram, estão agora pressionando
esses senadores fortemente para retirar os nomes a fim de que a votação ocorra
até a meia-noite de hoje e o julgamento, antes do mês que vem.”
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Pedro França/Agência Senado - 9.8.16
Senadores
Aécio Neves (PSDB-MG) e Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) durante a sessão
deliberativa extraordinária
No dia 2 de setembro,
o presidente interino Michel Temer participará da reunião do G20 (grupo formado
pelas 20 maiores economias do mundo), e sua base de apoio entende que será
melhor que ele viaje com o processo de impeachment concluído no Brasil, para se
apresentar como presidente da República, e não mais como interino.
Discursos
Um dos pontos mais
ressaltados por ambas as partes durante os discursos dos senadores favoráveis e
contrários ao impeachment foram as acusações de que o processo configura um
golpe de Estado.
“Não nos venham com
essa história de golpe. Golpe é quando você tem avião voando, você tem tanque
na rua, você tem baioneta exposta. Aqui não tem nada. O que tem aberta é a
Constituição brasileira seguida à risca há nove meses e meio. A todo momento, a
Constituição é invocada, o regimento é solicitado. Ainda hoje, presidente,
vossa excelência [ministro Ricardo Lewandowski] foi provocado, e a nossa
obrigação é exercer o nosso papel com moderação para que o Brasil não perca
status no contexto internacional das democracias no mundo, para que o Brasil
continue, apesar da crise, respeitado como uma democracia”, disse o senador
José Agripino Maia (DEM-RN).
Na mesma linha, a
senadora Simone Tebet (PMDB-MS) também rechaçou as acusações dos senadores que
apoiam a presidente Dilma. “Golpe? Golpe numa democracia forte e consolidada,
com instituições funcionando normalmente, tendo como instância recursal –
vigiando, controlando, como deve ser, cada ato do parlamentar daquela comissão –
a mais alta Corte deste País, que é o Supremo Tribunal Federal, que, a todo
momento, decidia as questões que eram levadas àquela Corte? Golpe? Não, isso se
chama democracia”, criticou.
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Geraldo
Magela/Agência Senado - 9.8.16
Defensora de Dilma, a senadora Vanessa Grazziotin considerou a manobra
para acelerar a sessão “lamentável”
O senador Cristovam Buarque (PPS-DF) declarou seu voto favorável ao
relatório de Antonio Anastasia por considerar que nele estão contidas as provas
de que a presidente afastada cometeu crime de responsabilidade e que seu
impedimento ocorrerá dentro da legalidade. “Desde o início desse processo
decidi e informei que votaria pelo que fosse o melhor para o Brasil,
respeitando as regras da Constituição. Não votaria no que fosse mais simpático
para meus amigos, eleitores, leitores, aliados tradicionais ou o mundo
intelectual no exterior. Disse que votaria pelo Brasil mesmo que isso
significasse um suicídio político, e até mesmo sentimental, mas desde que
cumprindo a Constituição”, disse.
Defesa de Dilma
Para o senador Paulo Rocha (PT-PA), no entanto, a aliança política que
se formou em apoio ao governo do presidente interino Michel Temer “cheira a
golpe” e isso tem sido observado por políticos em todo o mundo. “Hoje, estamos
assistindo a uma maioria parlamentar nascida de uma conspiração contra um
governo legitimamente eleito, nascido da vontade da maioria do povo brasileiro.
Existe uma aliança política com cheiro a golpe. E há muitos colegas aqui que
ficam meio importunados quando a gente fala em golpe”, acusou.
“Mas é uma mistura dessa maioria política que se estabeleceu, e quem diz
isso não somos só nós, do PT, só nós que defendemos a questão contra o
impeachment, mas o mundo inteiro está a reclamar nos principais meios de
comunicação, esta é a verdade que circula: a democracia brasileira está
ameaçada”, completou o petista.
Entre as mais ativas defensoras da presidente, a senadora Kátia Abreu
(PMDB-TO) subiu à tribuna para mais uma vez alegar que o relatório de Anastasia
não comprova que Dilma tenha praticado crime de responsabilidade. “Na verdade,
essa Casa é política, mas é embasada pela lei. E a Constituição e a lei definem
claramente quais são os motivos que podem levar o presidente da República ao
impeachment. E os dois motivos de acusação não procedem. Não pela minha
interpretação, mas do Ministério Público e dos peritos do Senado Federal”,
afirmou.
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Senadores abrem mão de discurso e votação do impeachment pode ocorrer ainda hoje Fonte: Último Segundo - iG
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