Do G1 São Paulo
A manifestante Deborah Fabri, 19 anos, ferida por bomba da Polícia Militar na manifestação contra o governo Michel Temer na noite desta quarta-feira (31) no Centro de São Paulo, disse que perdeu a visão do olho esquerdo. A jovem postou em uma rede social a mensagem: "Oi pessoal estou saindo do hospital agora. Sofri uma lesão e perdi a visão do olho esquerdo mas estou bem. Obrigada pelas mensagens e apoio logo logo respondo todos!!!".
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Ao menos 20 mil pessoas participaram do ato, segundo a Frente Brasil Popular e a CUT. A PM não divulgou números.
Deborah foi ferida na noite desta quarta e levada para o Hospital das Clínicas, onde passou por exames. Depois recebeu atendimento no Hospital de Olhos, no Paraíso, de onde saiu no final da manhã desta quinta.
O Hospital de Olhos informou em boletim médico que a paciente "foi internada em nosso serviço às 2h37 do dia 1º de setembro de 2016, com trauma na região da face, escoriações nas pálpebras e região malar esquerda, e lesão perfuro contusa no olho esquerdo". Deborah passou por cirurgia de urgência. O hopital também disse que "por ser tratar de um procedimento de alta complexidade oftalmológica, o prognóstico requer cuidados especiais".
O Doutor William Fidelix, diretor operacional do hospital, explicou ao G1 que "pela extensão das lesões, o pognóstico visual é bastente reservado, bem grave. As chances são pequenas para recuperação da visão".
Testemunhas que socorreram a jovem relataram nas redes sociais que ela foi atingida pela Polícia Militar - ou por estilhaços de bombas lançadas pelos policiais ou por bala de borracha. Procurada, a Secretaria da Segurança não se posicionou.
O Levante Popular da Juventude, movimento do qual Deborah faz parte, divulgou uma nota que diz: "não descansaremos até que os responsáveis sejam punidos e ela disponha de toda a assistência necessária". O texto ainda diz que o movimento tomará "todas as medidas judiciais e políticas cabíveis".
Além dela, uma jovem foi atropelada durante o protesto (veja vídeo abaixo). Há relatos de mais feridos nas redes sociais.
Dois fotógrafos que foram detidos durante a manifestação contra o presidente Michel Temer na noite desta quarta foram liberados no início da manhã desta quinta-feira (1º). Um deles teve o equipamento completamente destruído pelos policiais militares.
Segundo colegas dos fotógrafos ouvidos pelo Bom Dia São Paulo, não houve motivos para a detenção, e a polícia agrediu os dois enquanto trabalhavam.
A Secretaria da Segurança Pública afirmou que os PMs "que conduziram os fotógrafos relataram que eles estariam atirando pedras contra a tropa. Por sua vez, um dos fotógrafos denunciou que foi agredido. Foi solicitado o exame de corpo de delito. Eles foram liberados em seguida. A PM apurará as circunstâncias da ocorrência", diz nota. Eles não foram autuados.
Ouvidoria exige apuração
A Ouvidoria da Polícia de São Paulo informou que pedirá para o Ministério Público (MP) apurar a ação da Polícia Militar (PM) que deixou uma manifestante cega do olho esquerdo no protesto anti-impeachment, nesta quarta-feira.
A Ouvidoria também irá acionar a Secretaria da Segurança Pública (SSP) e a Corregedoria da PM para investigar a conduta dos policiais por suspeita de terem cometido excessos. Vídeos e fotos circulam na internet mostrando pessoas feridas. Houve confronto entre policiais e manifestantes durante a caminhada do grupo contrário ao governo de Michel Temer (PMDB).
"O fato dessa jovem perder a visão demonstra que houve excesso por parte da PM", disse o ouvidor Julio Cesar Fernandes Neves, nesta quinta-feira (1º) ao G1. "Vou acionar o Ministério Público para pedir que apure o crime de lesão corporal de natureza gravissima cometido por policiais contra essa garota. É preciso identificar o responsável por isso".
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