"Um dado pouco destacado da pesquisa CNI-Ibope, que revelou a continuada queda de popularidade de Michel Temer, aprovado por apenas 3% dos entrevistados, foi o que apontou a completa desesperança do povo brasileiro no tempo que resta de seu mandato, se ele escapar da segunda denúncia na Câmara. Para 72%, o governo deve ter desempenho ruim e péssimo nos 15 meses que lhe restam de mandato", diz a colunista Tereza Cruvinel; "Ainda que Temer fosse capaz de produzir um milagre econômico nos próximos meses, não se levantaria do chão. É caso perdido. Menos para os deputados que devem negar licença para que seja processado e afastado do cargo".
30 de Setembro de 2017
Um dado pouco destacado da pesquisa CNI-Ibope, que revelou a continuada queda de popularidade de Michel Temer, aprovado por apenas 3% dos entrevistados, foi o que apontou a completa desesperança do povo brasileiro no tempo que resta de seu mandato, se ele escapar da segunda denúncia na Câmara. Para 72%, o governo deve ter desempenho ruim e péssimo nos 15 meses que lhe restam de mandato. Em junho de 2016, logo depois de sua posse, este índice era de 32%. Mais que dobrou de lá para cá, agregando os desiludidos com o golpe ou que esperavam alguma melhora com a derrubada de Dilma e sua troca por Temer.
Já os que esperavam um desempenho ótimo e bom eram 24% em junho do ano passado, e agora são apenas 6%. Os que apostavam em algo regular eram 32% e hoje são apenas 17%..
Não esperar por dias melhores no médio prazo é uma das condições mais deprimentes para o ser humano. Saber que nos próximos 15 meses nada pode melhorar é desolador. Por isso na medida em que Temer afunda, crescem as intenções de voto no ex-presidente Lula, que representa a volta da esperança em dias melhores, com base na experiência de seus governos, que trouxeram crescimento, emprego e distribuição de renda. Mas mesmo esta esperança para o tempo que começaria em janeiro de 2019 é corroída pela incerteza quanto à sua candidatura, por conta da cruzada judicial para impedir seu eventual retorno.
A pesquisa CNI-IBOPE mostrou também que Temer é um caso definitivamente perdido para a população, tão consolidada está a percepção de que seu governo, além de ilegítimo, é corrupto e anti-povo. A pesquisa foi realizada enquanto o governo faturava sinais de uma leve contenção da recessão e do desemprego, a queda dos juros e a injeção de R$ 44 bilhões na econômica com a liberação das contas inativas do FGTS. Agora os saques do Pis-Pasep por pessoas com mais de 60 anos (antes só podia ser sacado aos 65) injetará outros R$ 60 bilhões, segundo o governo, mas isso não fará diferença na avaliação de Temer. O julgamento de seu governo já se descolou da economia e tornou-se uma questão moral para os brasileiros. O que desaprovam no governo Temer é sua natureza bandida e quadrilheira, é a sofreguidão com que foi ao pote, em busca de negócios, cortando gastos públicos necessários e entregando as riquezas nacionais para saciar o capital financeiro. Ainda que Temer fosse capaz de produzir um milagre econômico nos próximos meses, não se levantaria do chão. É caso perdido. Menos para os deputados que devem negar licença para que seja processado e afastado do cargo.
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