AMBEV LANÇA CERVEJA DE MANDIOCA QUE CUSTA MENOS EM PERNAMBUCO


Ambev lança cerveja de mandioca que custa menos em Pernambuco

A Nossa, criada no estado, tem preço cerca de 40% menor que o da líder de vendas da empresa no país

Letycia Cardoso, Glauce Cavalcanti e Ana Clara Veloso

25/09/2018 - 21:44 / 27/09/2018 - 11:29Cerveja Nossa, feita de mandioca, para venda exclusiva em Pernambuco Foto: Reprodução

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RIO - Em meio à estagnação do mercado cervejeiro nos últimos três anos, a Ambev recorreu à mandioca para tentar ampliar as vendas. Na contramão do movimento predominante no setor nos últimos anos de investir no segmento de artesanais, a companhia lançou em Pernambuco um novo produto com foco no público de baixa renda. A Nossa, cerveja feita com mandioca cultivada por produtores locais no entorno da cidade pernambucana de Araripina, promete o sabor leve e refrescante das cervejas do tipo Lager, mas com preço cerca de 40% menor que o da Skol, líder de vendas da Ambev no país.



A companhia é a líder isolada do setor no Brasil, com quase 64% do mercado, segundo dados da consultoria Euromonitor, mas não tinha um rótulo voltado para o segmento das chamadas cervejas econômicas, como Cintra e Glacial. Embora tenha como foco as classes D e E, a Ambev diz que não criou a nova cerveja para alcançar gente que opta por bebidas mais baratas. Segundo Bruna Buás, diretora de marketing da Nossa, a estratégia de marketing do produto é voltada para ideia de associar consumidores e produtores locais de mandioca.

– A Nossa foi criada e produzida para homenagear Pernambuco e sua população – afirmou Bruna, chamando a atenção para o rótulo com as cores do estado, considerado estratégico para a Ambev.

A matéria prima inusitada não substitui outros ingredientes, apenas compõe a mistura de grãos, que inclui cereais não maltados. Dessa forma, o baixo preço vem do fato de toda a cadeia de produção do produto estar em Pernambuco, onde a comercialização da Nossa está limitada. Segundo Bruna, não há intenção de nacionalizar o produto.


Segundo o diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil), Paulo Petroni, é possível reduzir o custo da cerveja quando a produção e a distribuição ocorre em um raio inferior a 600 quilômetros:

E AINDA


– Colocar no caminhão, levar pro depósito e distribuir pelos estados é um processo caro. Quando você produz e vende no próprio local, o preço final melhora.

O professor de Finanças Corporativas da Pós-Graduação e MBA do Ibmec-RJ, Haroldo Monteiro, acredita que a estratégia faz sentido ao seguir a tendência de empresas promoverem o desenvolvimento da economia local.

De acordo com um levantamento da consultoria Euromonitor, o volume total de cerveja consumido no país este ano deve ser de 12,4 bilhões, pouco abaixo dos 12,6 bilhões de litros vendidos em 2016, mas com leve alta de 0,2% em relação a 2017. O consumo por pessoa, contudo, encolheu nesse período de 60,7 litros por ano, em 2016, para uma previsão de 59,5 litros em 2018.


O segmento premium - que inclui cervejas artesanais e marcas como Stella Artois, Heineken e Budweiser -, é o único que tem crescido nos últimos anos e atualmente representa 11% das vendas. As cervejas econômicas - como Cintra, Glacial e Krill - equivale a apenas 1% de tudo o que é vendido, representando um área com potencial crescimento. O restante do mercado é dominado por cervejas do tipo padrão, como Skol, Brahma, Antarctica, Itaipava, Nova Schin.

A crise econômica foi responsável pelo congelamento desse mercado, segundo o diretor executivo da CervBrasil. Com aumento do desemprego, houve também redução da renda disponível para consumo, ou seja, o valor resultante do salário, subtraídas as despesas mensais. Embora o preço do litro seja menor em embalagens maiores, o consumidor passou a optar por versões menores:

– Houve aumento na venda de embalagens retornáveis de 300ml, porque é o que a pessoa pode gastar naquele dia. O consumo em casa aumentou nesse cenário - afirmou Petroni.

Depois da Ambev, as líderes no mercado são a Heineken, com 20,4%, e Petrópolis, com 12,6%. Entre as marcas mais vendidas, as três primeiras são da Ambev: Skol, Brahma e Antarctica. Na sequência vêm Itaipava e Heineken.

O grupo Heineken declarou, por meio de nota, estar comprometido em surpreender e estimular os consumidores, por meio de experiências de consumo, particularmente, no segmento Premium, já que os brasileiros estão cada vez mais dispostos a investir em novos estilos, qualidade e opções artesanais.

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