Miguel e Diego vão casar em dezembro deste ano (Foto: Miguel Martins/Arquivo pessoal)
Miguel e Diego vão casar em dezembro deste ano (Foto: Miguel Martins/Arquivo pessoal)
Um soldado da Brigada Militar poderá 
ser o primeiro homossexual a casar 
vestindo farda no Rio Grande do Sul. 
A prática, comum em casamentos 
militares, sempre foi o sonho de Miguel 
Martins, 29 anos. Lotado no 1º Batalhão 
de Patrulhamento de Áreas de Fronteira (1º BPAF), na cidade de Uruguaiana, ele entregou um
 requerimento ao Comando da 
corporação para usar o fardamento de gala no dia em que formalizará a união com o modelo 
Diego Souza, 21 anos, em dezembro deste ano.
“Desde muito jovem eu tenho o sonho de me casar fardado. Eu tenho os mesmos direitos que os 
heterossexuais, que meus colegas que casam de farda”, afirma o soldado, que aos 18 anos 
entrou no Exército e desde então seguiu a carreira militar.
Apesar do desejo, o soldado diz que a farda não estava nos planos do casal para a cerimônia, 
justamente para evitar críticas. “Em um primeiro momento, Diego e eu pensamos em um matrimônio
 mais simples, no cartório e depois uma festa em um clube. Depois do nosso noivado, a
 repercussão nas redes sociais foi grande e positiva, mas as críticas nos motivaram também”, explica.
O comandante do 1º BPAF, tenente-coronel Roberto Ortiz, já deu parecer favorável ao requerimento, 
e disse que não há nada que impeça o soldado de casar com outro homem usando farda.
“Na verdade não existe nenhum impeditivo. Todos nós, policiais militares, temos o direito de casar
 fardado, ou ir a eventos usando o fardamento. Acho que a sociedade brasileira já passou da fase 
de discutir isso, que qualquer pessoa pode se relacionar com quem quiser”, avalia o tenente-coronel.
A próxima etapa é receber o aval do major Luis Flores Tavares, do Comando Regional de Polícia 
Ostensiva Fronteira Oeste (CRPO-FO) e do comandante-geral da Brigada Militar, coronel Alfeu 
Freitas Moreira. “Falei com os dois, que já entraram em contato comigo a respeito da repercussão, 
e eles disseram que está OK, que pensam da mesma forma”, acrescenta.
Embora o soldado queira discrição, a decisão repercutiu. Ele já adiantou, no entanto, que 
caso haja negativa, pretende buscar na Justiça o direito de casar fardado.
“Não estou denegrindo a imagem da Brigada Militar. Pelo contrário, quero mostrar que a Brigada 
Militar respeita os direitos dos cidadãos e dos membros da corporação”, sustenta ele.
Juntos há pouco mais de oito meses, os noivos frequentam eventos da corporação, no quartel e 
na Associação da Brigada Militar. O soldado diz que nunca sofreu preconceito dos colegas,
 mas que já leu comentários depreciativos de conhecidos nas redes sociais.
“As críticas, em vez de nos diminuir, nos enfraquecer, nos dão mais vontade ainda, mais força 
para seguir na nossa decisão”, destacou ele. “A gente não está visando chamar atenção, não. Não 
quero nos aceitem, mas quero que nos respeitem como seres humanos, como casal, como uma
 família que está se formando”, completou o soldado, que atualmente trabalha no policiamento 
ostensivo nas ruas de Uruguaiana.
O casamento já tem data: será no dia 23 de dezembro deste ano. Um juiz de paz irá formalizar a
 união dos noivos em um clube da cidade.