Os dados, divulgados nesta
terça-feira (18) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), foram levantados por
pesquisadores de diversas instituições e resultaram em um estudo publicado na
revista científica PLOS Medicine.
A
sífilis congênita, transmitida para os bebês durante a gestação, pode dobrar o
risco de mortalidade até os 2 anos de idade. Entre 2011 e 2017, causou 2.476
mortes de bebês e crianças. Os dados, divulgados nesta terça-feira (18) pela
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), foram levantados por pesquisadores de diversas
instituições e resultaram em um estudo publicado na revista científica PLOS Medicine.
A transmissão da mãe para
o bebê durante a gestação pode ser evitada com tratamento, e um alto índice de
sífilis congênita é indicador de deficiências na rede da assistência. O
rastreamento da sífilis durante a gestação é considerado simples, com
realização de teste durante o pré-natal, assim como o tratamento, que precisa
se estender ao parceiro ou parceira sexual da mãe para evitar que ocorra
reinfecção.
Segundo o estudo, foram
registrados 93.525 casos de sífilis congênita no país entre 2011 e 2017, que
causaram 2,4 mil mortes, sendo a maior parte no primeiro ano de vida. Entre as
crianças diagnosticadas, 17,3% nasceram prematuras, 17,2% com baixo peso ao
nascer e 13,1% eram pequenas para a idade gestacional.
Os pesquisadores alertam
que o número de casos aumentou depois do período estudado, chegando a 27.019
apenas em 2021, segundo boletim epidemiológico do Ministério da Saúde. Além
disso, eles suspeitam que pode haver subnotificação, porque o levantamento encontrou
óbitos por sífilis congênita que não tinham sido notificados.
O estudo mostra que, entre
os mais de 93 mil casos de sífilis congênita diagnosticados no período
estudado, 65,59% receberam tratamento incompleto durante a gravidez, e quase
30% das mães não teve acesso a nenhum tratamento.
A incidência da doença
afeta sobretudo a população mais vulnerável, com taxas mais altas entre filhos
de mulheres jovens, pretas e pardas e com poucos anos de escolaridade. Entre as
mães que não receberam tratamento adequado, 44,84% frequentaram a escola por
menos de 7 anos e 76% eram pretas ou pardas.
A pesquisadora Enny
Paixão, associada ao Cidacs/Fiocruz Bahia e à London School of Hygiene &
Tropical Medicine (LSHTM), liderou o estudo. Ela explicou que a maioria dos
bebês é assintomática ao nascer ou apresenta sinais e sintomas inespecíficos.
No grupo pesquisado, aproximadamente 10% das crianças tinham sintomas
registrados, sendo os mais comuns a icterícia (coloração amarelada da pele,
olhos e mucosa), o aumento do tamanho do fígado e a anemia.
Outra dificuldade para o
diagnóstico do bebê é que não existe teste laboratorial confiável que
identifica bebês assintomáticos no nascimento. Com isso, os bebês podem ficar
sem acesso ao tratamento necessário para mitigar as consequências da infecção
em sua saúde, até que algum sintoma apareça.
A pesquisa acompanhou
dados de 20 milhões de crianças nascidas no país, por meio do Sistema de
Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc), do Sistema de Informação sobre
Mortalidade (SIM) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação
(Sinan-Sífilis).
Participaram do trabalho o Centro de Integração de Dados e Conhecimentos
para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia), o Instituto de Saúde Coletiva da
Universidade Federal da Bahia (Isc/Ufba), o Instituto de Matemática e
Estatística da Ufba, aa London School of Hygiene and Tropical Medicine, o
Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), e a Escola
Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz).
FONTE: NOTÍCIAS AO MINUTO. https://novamais.com/noticias/101771/sifilis-congenita-matou-mais-de-2-4-mil-bebes-em-sete-anos
Imagem meramente ilustrativa / Reprodução: Notícias ao Minuto.
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