São Paulo – Quem vê o americano Patrick Hardison na rua não imagina que ele já foi um homem sem pálpebras, orelhas, lábios, sobrancelhas e nariz. Em 2001, Hardison trabalhava como bombeiro quando entrou em uma casa em chamas e salvou uma mulher. Porém, o ato heroico custou-lhe o rosto.  
Depois de quinze anos e de um transplante facial com duração de 26 horas, o americano voltou a ter um rosto e uma vida normal. "Estou feliz em dizer que eu estou bem. Gosto de dizer às pessoas que sou o velho Pat de sempre”, disse Hardison em uma conferência de imprensa na NYU Langone Medical Center, onde a cirurgia foi feita.
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Antes de fazer o transplante, no entanto, Hardison passou por mais de 70cirurgias entre os anos de 2001 e 2015. Nessa época, ele não era capaz de realizar funções que são naturais para a maioria das pessoas, como inalar a partir do nariz e da boca ou, até mesmo, abrir a boca para ingerir alimentos. Por isso, o americano utilizava um tubo de respiração em sua traqueia e outro tubo para a alimentação. Ele também precisou de próteses para ouvir, já que seus ouvidos foram queimados no incêndio e, como ficou sem pálpebras, não conseguia dormir.
Desse modo, o transplante foi necessário para que Hardison tivesse uma melhor qualidade de vida. Foi preciso esperar por cerca de um ano para encontrar um doador que tivesse o mesmo tipo sanguíneo, cor similar e estrutura óssea facial parecida com a do bombeiro. Mais de 100 cirurgiões coordenaram dois procedimentos durante a cirurgia: a remoção da pele, do couro cabeludo, de pedaços de osso do doador para, em seguida, anexá-los ao rosto de Hardison. 
NYU Langone Medical Center
Pat Hardison após um ano do transplante de rosto
Pat Hardison: o bombeiro voltou a ter uma vida normal um ano após o transplante
Durante os meses de recuperação, o americano ainda passou por outras quatro pequenas cirurgias para ajustar a boca e as pálpebras, e remover os tubos de alimentação e respiração. No mundo, cerca de 40 pacientes já receberam transplantes de rosto. O procedimento é arriscado não só na mesa de operação, mas também há grandes chances de rejeição do tecido recebido. 
No caso de Hardison, seu corpo até agora não mostrou rejeição. Sua recuperação está sendo tão rápida que o americano já voltou a enxergar. Eduardo Rodriguez,médico que coordenou a cirurgia, disse na coletiva que o bombeiro segue o protocolo médico e, por isso, o procedimento foi um sucesso. A seleção criteriosa do doador também foi importante para que o corpo não rejeitasse os tecidos. 
O resultado positivo revela que procedimentos semelhantes podem ser feitos em outros pacientes com graves lesões no rosto, segundo Rodriguez. A importância disso, para o médico, é que traumas relacionados à face podem causar sérios problemas psicológicos para os pacientes, desde depressão até suicídio. 
Ainda que Hardison precise passar pelo longo processo de adaptação psicológica, ele disse que está feliz com seu novo rosto. “Anos atrás, não tinha esperança de ter qualquer tipo de vida diferente do que eu tinha. Ter esperança é algo que nunca pensei”, disse o bombeiro. “Agora que eu tenho, posso ajudar outras pessoas e mostrar-lhes que a vida será melhor.”
O vídeo abaixo (em inglês) conta um pouco mais sobre a história de Patrick Hardison:
Fonte http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/apos-um-ano-homem-com-rosto-transplantado-volta-a-enxergar Cirurgia plásticaCiênciaMedicina
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