SERTÃO - ARTE PRODUZIDA NA ILHA DO FERRO É HERANÇA PASSADA ENTRE GERAÇÕES

Itawi Albuquerque











Madeira, bordado e criatividade. A originalidade da arte produzida no povoado com maior concentração de artistas por metro quadrado no Estado vem do berço, quase como uma herança genética.
 Camile Souza Dias, 23 anos, artesã que nasceu na Ilha do Ferro, em Pão de Açúcar, e faz esculturas em madeira, diz que sempre ‘reinou’ desde menina nas obras de seu avô, Fernando Rodrigues, um dos ícones do artesanato da região.
Hoje, Camile envia encomendas para todos os lugares do Brasil. Sua mãe, Rejânia Rodrigues, 50 anos, é presidente da Cooperativa das Artesãs da Ilha do Ferro, e faz o bordado boa-noite desde os dez, tendo viajado para feiras no país e na América do Sul.
“Já fui para muitos lugares. Até me chamaram para ir para Dubai, mas aí eu não fui não, tem que pegar muito avião”, disse Rejânia, com toda a simplicidade e a inocência de quem nem faz ideia do ouro que tem nas mãos.
Técnicos da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo de Alagoas fixaram nas fachadas das casas-ateliê da Ilha do Ferro, durante a 4ª edição do Governo Presente, placas do Alagoas Feita à Mão, elaboradas em parceria com a Pointer.
“A Ilha do Ferro é um dos grandes celeiros da arte alagoana. As placas que foram colocadas deram outra vida ao povoado – elas identificam, agregam valor e deixam o local marcado para o turista que passa pela região”, explicou o secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo de Alagoas, Helder Lima.
Museu - No alto da Ilha do Ferro, na parte histórica do povoado de 450 habitantes, está em construção o Espaço Memória Artesão Fernando Rodrigues dos Santos. Iniciativa da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), o projeto arquitetônico é assinado por Rafael Gomes Brandão e a obra é financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal).
O museu, um espaço de valorização dos artesãos, vai reunir peças dos artistas locais. O pedreiro da obra é Zé Crente, que também é escultor em madeiras. “Estou feliz de poder ajudar a construir o museu, mas agoniado para desocupar daqui para voltar para os meus artesanatos”, disse Zé Crente.
 A arte produzida na Ilha do Ferro tem sido destaque em várias publicações nacionais e internacionais. Recentemente, em uma articulação da Sedetur, a revista Casa Vogue fez um editorial de oito páginas sobre o artesanato da região, projetando o potencial turístico do lugar.
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