Novo líder dos talibãs pede retirada dos EUA do Afeganistão
Imagem sem data distribuída em 25 de maio de 2016 que mostra, segundo os talibãs afegãos, seu novo líder, mulá Habatullah Akhundzada
O novo líder dos talibãs, o mulá Habatullah Akhundzada, convocou os "invasores americanos" a se retirar do Afeganistão em sua primeira mensagem, na qual não anuncia ofensivas de grande porte.
O tom pouco parcial do discurso, pronunciado por ocasião do Eid al Fitr, que marca o fim do Ramadã, se ajusta ao perfil deste clérigo eleito em maio e que sempre permaneceu afastado do campo de batalha. Mas se contradiz com a quantidade de operações militares em terra.
"Reconheçam a realidade em vez de fazer um uso inútil da força" e "coloquem fim à ocupação", escreveu Akhundzada, que sucedeu no dia 25 de maio o mulá Mansur, em uma "mensagem aos invasores americanos e aos seus aliados", da qual a AFP recebeu uma cópia.
"Os muçulmanos afegãos não temem sua força nem seus estratagemas. Consideram o martírio no confronto com vocês como a meta preciosa de sua vida", acrescenta.
"Não vão vencer", adverte o chefe da insurreição islamita, que cita o precedente britânico e soviético, dois grandes exércitos, cujas tentativas de ocupação do Afeganistão no século XIX, o primeiro, e de 1979 a 1980, o segundo, terminaram em fracasso.
"Os afegãos não aceitam sistemas estabelecidos pelos invasores", insiste este erudito com mitos anos nas costas nas madraças (escolas corânicas).
Embora convide os americanos e seus aliados a considerar uma solução política em vez do "recurso à força", o mulá não menciona negociações de paz, congeladas há um ano.
As primeiras negociações diretas entre o governo afegão e os talibãs remontam a julho de 2015, mas a segunda rodada foi sendo adiada indefinidamente após o anúncio da morte do fundador do movimento talibã, o mulá Omar.
Convocação aos "países vizinhos"
"Não vejo nada diferente nesta mensagem, não há nada sobre as negociações de paz, nem sobre a guerra", afirmou à AFP o analista Ahmad Saeedi. "Para mim sua política é a mesma".
O mulá Akhundzada é um clérigo de cerca de 50 anos pouco conhecido, mas muito influente entre os talibãs por ter dirigido o sistema judicial.
Foi nomeado quatro dias depois da morte de seu antecessor, o mulá Mansur, de quem era adjunto, em um bombardeio de um drone americano em uma zona paquistanesa fronteiriça com o Afeganistão.
O novo líder parece se referir a este fato quando lembra "os países vizinhos e da região que a ocupação do Afeganistão afeta nossos interesses comuns".
Sugere que eles também peçam "o fim da ocupação ou, ao menos, que não façam nada que possa contribuir para prolongar a presença dos americanos" no Afeganistão.
Os talibãs costumam transmitir uma mensagem por ocasião das principais festas muçulmanas: o Eid al Fitr, que marcará no Afeganistão no início da próxima semana o fim do Ramadã, e o Eid al Kebir, neste ano em meados de setembro.
Os insurgentes lançaram em abril a "ofensiva de primavera" e, desde então, multiplicaram as operações no leste do país. As forças governamentais conseguiram repelir em abril uma operação contra a cidade de Kunduz (norte), em parte graças à ajuda de seus aliados ocidentais.
A Otan conta com 12.000 efetivos no país desde a retirada em 2014 da maioria das tropas da força internacional, incluindo 9.800 soldados americanos.
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