O CONGRESSO, O BRASIL E DOIS GENERAIS. "QUEM TINHA ESPERANÇA PODE IR TIRANDO O CAVALINHO DA CHUVA. EMBORA A PESQUISA CNI-IBOPE TENHA MOSTRADO TEMER NO FUNDO DO POÇO, COM APENAS 3% DE APROVAÇÃO, ESTÁ TUDO PRONTO NA CÂMARA PARA A REJEIÇÃO DA DENÚNCIA QUE O ACUSA DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA E OBSTRUÇÃO DA JUSTIÇA", AFIRMA TEREZA CRUVINEL, QUE ACRESCENTA QUE A EXPRESSÃO QUE MAIS OUVIU NA CÂMARA ESTA SEMANA "FOI A DE QUE A VOTAÇÃO DA DENÚNCIA JÁ ESTÁ 'PRECIFICADA', OU SEJA, TUDO JÁ FOI NEGOCIADO"; PARA A JORNALISTA, "QUEM TEM RAZÃO É O GENERAL LEAL PUJOL", QUE DISSE QUE "OS DEPUTADOS E SENADORES SÓ OUVIRÃO O BRASIL QUANDO (E SE) OS 77% QUE REJEITAM TEMER FOREM PARA A RUA"; "PUJOL, AO QUE PARECE, NÃO É DA MESMA CORRENTE DO GENERAL MOURÃO, O QUE DEFENDE A INTERVENÇÃO MILITAR SE OS PODERES CONSTITUÍDOS NÃO RESOLVEREM A CRISE", COMPARA; "NO PONTO EM QUE CHEGAMOS, NO LUGAR DAS PALAVRAS DE UM LÍDER, DE UM CONDUTOR EM TEMPO DE CRISE, TEMOS AS EXORTAÇÕES DE DOIS GENERAIS", LAMENTA
"Quem tinha esperança pode ir tirando o cavalinho da chuva. Embora a pesquisa CNI-Ibope tenha mostrado Temer no fundo do poço, com apenas 3% de aprovação, está tudo pronto na Câmara para a rejeição da denúncia que o acusa de organização criminosa e obstrução da Justiça", afirma Tereza Cruvinel, que acrescenta que a expressão que mais ouviu na Câmara esta semana "foi a de que a votação da denúncia já está 'precificada', ou seja, tudo já foi negociado"; para a jornalista, "quem tem razão é o general Leal Pujol", que disse que "os deputados e senadores só ouvirão o Brasil quando (e se) os 77% que rejeitam Temer forem para a rua"; "Pujol, ao que parece, não é da mesma corrente do general Mourão, o que defende a intervenção militar se os poderes constituídos não resolverem a crise", compara; "No ponto em que chegamos, no lugar das palavras de um líder, de um condutor em tempo de crise, temos as exortações de dois generais", lamenta
O Congresso, o Brasil e dois generais 28 de Setembro de 2017
Quem tinha esperança pode ir tirando o cavalinho da chuva. Embora a pesquisa CNI-Ibope tenha mostrado Temer no fundo do poço, com apenas 3% de aprovação, está tudo pronto na Câmara para a rejeição da denúncia que o acusa de organização criminosa e obstrução da Justiça. Com o relator escolhido, José Bonifácio de Andrada, aecista e governista empedernido, embora jurista lustrado, desta vez o governo nem terá o trabalho de aprovar um substitutivo na Comissão de Constituição e Justiça, como na tramitação da primeira denúncia. Ele dará um parecer pela rejeição, que será aprovado pela Comissão e referendado pela maioria do plenário. Tudo na base do jogo rápido. O governo está “zerando todas as pendências” com os deputados, como diria Joesley Batista. Quem tem razão é o general Leal Pujol: os deputados e senadores só ouvirão o Brasil quando (e se) os 77% que rejeitam Temer forem para a rua.
- Se vocês estão insatisfeitos, vão para a rua se manifestar, mostrar, ordeiramente. Mas não é para incendiar o país, não é isso -, disse o comandante militar do Sul em Porto Alegre.
Pujol, ao que parece, não é da mesma corrente do general Mourão, o que defende a intervenção militar se os poderes constituídos não resolverem a crise. Se depender do Congresso, não haverá solução e sim aumento da irritação com os políticos. O Congresso tornou-se um mundo apartado do Brasil real, do Brasil dos brasileiros. São mundos incomunicantes. O Senado se encaminha para peitar o STF e desautorizar o afastamento e o recolhimento noturno do senador Aécio Neves. A Câmara vai novamente garantir a permanência de Temer no cargo, e a sobrevivência de seu governo pautado pela corrupção e a pilhagem até janeiro de 2019. Pois com ele também escapam da acusação de formação de organização criminosa os ministros Moreira e Padilha. Outros membros da organização já estão presos ou já viraram réus: Henrique Alves, Geddel, Eduardo Cunha e Rodrigo Loures.
A expressão que mais ouvi na Câmara esta semana foi a de que a votação da denúncia já está “precificada”. Ou seja, tudo já foi negociado na votação da primeira, embora o governo não tenha resgatado as promissórias. Agora, vai “zerar as pendências” e ganhar de novo. O PSDB, que rachou literalmente ao meio em agosto, agora dará mais votos a Temer do que da primeira vez. Então, não dá para ter ilusões. Dou razão novamente ao general Pujol.
- Se os nossos representantes não estão correspondendo às nossas expectativas, vamos mudar. Há uma insatisfação geral da Nação, eu também não estou satisfeito – disse ele ressalvando que, pessoalmente, como militar, não pode ir para a rua. Os que podem, entretanto, seguem apenas reclamando, ou com seus botões ou nas conversas privadas.
É ilusória também a expectativa de que, se chegarmos sãos e salvos às eleições de 2018, tudo pode mudar num acerto de contas do eleitorado. Fica claro a cada dia que dificilmente Lula poderá ser candidato. Plano B a esquerda não tem. Haverá um candidatos da direita, alguém que ainda será inventado. Não Doria, não Bolsonoro, que são óbvios demais, despreparados demais para dar conta da agenda que o alto da pirâmide já nos impõe mas quer levar bem mais adiante. A do desmonte do Estado, da entrega das riquezas, da abdicação da soberania, da radicalização da pobreza e da desigualdade, transformando o país numa grande pastagem para o capital predador.
No ponto em que chegamos, no lugar das palavras de um líder, de um condutor em tempo de crise, temos as exortações de dois generais. Ou vamos para a rua, como sugeriu Pujol, ou vamos esperar que se cumpra o desiderato de Mourão, com um golpe militar que varrerá o sistema político, levando junto o que nos resta de democracia.
O CONGRESSO, O BRASIL E DOIS GENERAIS. "QUEM TINHA ESPERANÇA PODE IR TIRANDO O CAVALINHO DA CHUVA. EMBORA A PESQUISA CNI-IBOPE TENHA MOSTRADO TEMER NO FUNDO DO POÇO, COM APENAS 3% DE APROVAÇÃO, ESTÁ TUDO PRONTO NA CÂMARA PARA A REJEIÇÃO DA DENÚNCIA QUE O ACUSA DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA E OBSTRUÇÃO DA JUSTIÇA", AFIRMA TEREZA CRUVINEL, QUE ACRESCENTA QUE A EXPRESSÃO QUE MAIS OUVIU NA CÂMARA ESTA SEMANA "FOI A DE QUE A VOTAÇÃO DA DENÚNCIA JÁ ESTÁ 'PRECIFICADA', OU SEJA, TUDO JÁ FOI NEGOCIADO"; PARA A JORNALISTA, "QUEM TEM RAZÃO É O GENERAL LEAL PUJOL", QUE DISSE QUE "OS DEPUTADOS E SENADORES SÓ OUVIRÃO O BRASIL QUANDO (E SE) OS 77% QUE REJEITAM TEMER FOREM PARA A RUA"; "PUJOL, AO QUE PARECE, NÃO É DA MESMA CORRENTE DO GENERAL MOURÃO, O QUE DEFENDE A INTERVENÇÃO MILITAR SE OS PODERES CONSTITUÍDOS NÃO RESOLVEREM A CRISE", COMPARA; "NO PONTO EM QUE CHEGAMOS, NO LUGAR DAS PALAVRAS DE UM LÍDER, DE UM CONDUTOR EM TEMPO DE CRISE, TEMOS AS EXORTAÇÕES DE DOIS GENERAIS", LAMENTA
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