ESPECIALISTA FAZ ALERTA SOBRE IMPACTO AMBIENTAL DE OBRAS NA ADUTORA DO RIO PIRANGI. REPRESAMENTO COM SACOS DE AREIA FOI REALIZADO NO RIO. COMPESA DIZ QUE OBRAS FORAM EMERGENCIAIS DEVIDO A GRAVIDADE DA SECA NO AGRESTE DE PERNAMBUCO.
Especialista faz alerta sobre impacto ambiental de obras na adutora do Rio Pirangi
Represamento com sacos de areia foi realizado no rio. Compesa diz que obras foram emergenciais devido a gravidade da seca no Agreste de Pernambuco.
Por Mavian Barbosa, G1 Caruaru
03/04/2017 20h57 Atualizado 03/04/2017 20h57
Represa com sacos de areia é construída no Rio Pirangi. Confira nas imagens de Anderson Melo, repórter da TV Asa Branca
As obras do Sistema Adutor do Pirangi tem causado consequências ao rio localizado na Zona Rural de Catende, na Zona da Mata Sul de Pernambuco. A água está sendo contida de forma improvisada por uma pequena represa com sacos de areia, para tentar dar profundidade ao rio e facilitar a captação da água até a Estação de Tratamento de Água (ETA) Petrópolis, em Caruaru.
A profundidade atual chega a 1,50m e a engenharia busca regularizar a vazão do reservatório do Prata em 500 litros por segundo. Para o ambientalista João Domingos, a improvisação pode prejudicar o Rio. "Um dos impactos do represamento é o efeito de marola. Quando você retém a água, forma pequenas cachoeiras, elas vão vibrando na margem do rio e vai proporcionando o desabamento da margem, alterando a configuração natural. As margens estão sendo levadas para dentro do rio. Isso foi feito de forma extremamente improvisada e emergencial. Se tivesse planejamento, isso não seria o recomendado", disse.
Ainda segundo João Domingos, um represamento desse tipo não é capaz de suportar uma vazão maior da água, sendo comprometido em caso de chuva. "Podemos perceber um descuido com o entorno do rio, muito lixo amontoado. Isso é uma medida emergencial que evidencia a precariedade do planejamento". Ainda de acordo com o ambientalista, as margens estão acumulando lixo, o que pode prejudicar a qualidade da água.
Moradores
Cerca de 25 famílias moram no entorno do Rio e reclamam da situação no local. Desde que as obras começaram, a vida deles mudou. Segundo a dona de casa Maria Vanessa, de 25 anos, o volume do rio vem caindo nos últimos meses. "A gente faz tudo com a água, só não bebemos. Mas agora estamos lavando roupa na lama. Não tem muita água, está ficando pior, muito difícil".
Famílias moram nas margens do Rio Pirangi e relatam que a situação do local ficou pior após o início das obras (Foto: Mavian Barbosa/G1 Caruaru)
Ainda de acordo com a dona de casa, em 2010 as famílias tiveram que sair do entorno do rio por causa de uma enchente. "Eu tinha uma casa e ela alagou, tivemos que sair. Sofremos muito. Ficamos assustados de acontecer de novo, a gente fica com medo".
Nazário Francisco, de 59 anos, morador do local há mais de 50, informou que a Compesa prometeu construir banheiros e canalizar água para os moradores, mas não foi feito. "Antigamente isso aqui era cheio. Nós estamos sendo prejudicados. Disseram que iam botar água para a gente pagar. A gente já não tem serviço e ainda pagar, é difícil. Prometeram e ainda hoje nada. Antes o rio era fundo e agora só tem lama. Quando a gente quer beber tem que pegar água em três quilômetros daqui".
Compesa
A Compesa informou por meio de nota que o barramento das águas do rio é provisório, visto que o nível dele está baixo por causa da falta de chuvas na região. Ainda segundo a estatal, o objetivo não é represar o rio, até porque isso afetaria o seu curso, tanto é que existe uma passagem para a água correr.
"A intenção é elevar a lâmina d´água para captar a vazão outorgada pela CPRH para uma altura suficiente que alcance o canal por onde passa a água que vai para o poço de sucção que alimenta as bombas da Estação Elevatória 1", diz a nota.
Ainda de acordo com a Companhia, é de lá que a água segue para a Estação Elevatória 2, às margens da PE-120, que bombeia para as tubulações do Sistema Prata. Em relação à construção de banheiros e o encanamento das residências, a Compesa informou que se trata de salvaguardas socioambientais que estão previstas no convênio feito pela empresa e o Governo do Estado junto ao Banco Mundial, que foi o financiador da obra. Os projetos já foram concluídos e o processo está em fase de cotação e consolidação de orçamento.
Obras
O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), esteve em Caruaru na última quinta-feira (30) para a inauguração do Sistema Adutor do Pirangi. A solenidade foi realizada na Estação de Tratamento de Água (ETA) Petrópolis, em Caruaru.
Represamento do rio com sacos de areia em Catende (Foto: Mavian Barbosa/G1 Caruaru)
Segundo a Compesa, a iniciativa busca melhorar o abastecimento de água para mais de 800 mil pessoas, além de ajudar a preservar o Rio da Prata, em Bonito. O sistema é uma parceria entre Governo do Estado, Compesa e Banco Mundial e está orçada em R$ 60 milhões.
A água começou a chegar na ETA Petrópolis no dia 24 de março, quando os técnicos conseguiram concluir a fase de testes da Elevatória 1 do Sistema do Prata. Ela chegou no poço de sucção da Barragem do Prata transportada por uma adutora de 27 quilômetros de extensão, a partir de uma captação no Pirangi. As cidades beneficiadas são: Caruaru, Santa Cruz do Capibaribe, Toritama, Agrestina, Altinho, Ibirajuba, Cachoeirinha, Cumaru, Passira e Riacho das Almas.
ESPECIALISTA FAZ ALERTA SOBRE IMPACTO AMBIENTAL DE OBRAS NA ADUTORA DO RIO PIRANGI. REPRESAMENTO COM SACOS DE AREIA FOI REALIZADO NO RIO. COMPESA DIZ QUE OBRAS FORAM EMERGENCIAIS DEVIDO A GRAVIDADE DA SECA NO AGRESTE DE PERNAMBUCO.
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