DANÇA - Pernambucano Mateus Sobral brilha em ballet nos Estados Unidos Bailarino Mateus Sobral é o protagonista de Dr. Jekyll & Mr. Hyde em montagem da cia Lonestar Ballet, do Texas

Primeiro trabalho de Mateus Sobral como protagonista é também o seu primeiro vilão / CISSY BURCH/DIVULGAÇÃO
Primeiro trabalho de Mateus Sobral como protagonista é também o seu primeiro vilão
CISSY BURCH/DIVULGAÇÃO
MARCELO PEREIRA
O bailarino Mateus Sobral estreou em seu primeiro papel de protagonista no espetáculo Dr. Jekyll & Mr. Hyde, pela companhia Lonestar Ballet, do Texas. Estudando há três anos e meio dança e teatro musical na West Texas A&M University, ele volta ao Recife para uma breve temporada de férias em janeiro e aproveita para realizar um whorkshop. Nesta entrevista, ela fala da carreira e dos sonhos para o futuro.

"Cresci amando o palco" 

JORNAL DO COMMERCIO – Como você descobriu a dançar?
MATEUS SOBRAL – Eu comecei a estudar teatro no Drama Club da Cultura Inglesa quando eu tinha 8 anos. Nós sempre ensaiávamos musicais, e apesar da parte do canto ser dublada (a maioria das vezes), nós trabalhávamos com a mestra Heloísa Duque, que coreografava todos os números musicais. Quando eu tinha 10 anos participei da coreografia Street Kids, no qual ganhei o premio de Melhor Bailarino Mirim no Festival Estudantil de Teatro e Dança de Recife. Então de certa forma fui introduzido para a dança desde cedo. Em 2010, aos 14 anos, Heloísa me convidou para estudar jazz dance com ela semanalmente. Foi aí que eu me apaixonei pela dança de verdade. Foi amor à primeira vista, dali pra frente eu não conseguia mais viver sem dançar, virou parte de mim.
JC – Em que academias e com quais professores você estudou? 
MATEUS – Estudei jazz dance com Heloísa Duque, ballet com Isabel Ferreira na Academia Fátima Freitas, sapateado com Rafaelle Oliveira, canto com Verinha Mancini, entre outros.
JC – De quais espetáculos você participou ainda no Recife?
MATEUS – Participei dos musicais do Drama Club (Sister Act II, Oliver Twist, The Lion King, High School Musical, Peter Pan, etc.) e do espetáculo Atípicos, com a Cia Vias da Dança, coreografado pela mestra Heloisa Duque, entre outros espetáculos criados por ela, e passei mais de um ano em cartaz no musical O Circo do Futuro com o Palhaço Chocolate, além de ter trabalhado em vários comerciais e produções escolares.
JC – Quem era o seu modelo, a sua referência? 
MATEUS – Meu modelo sempre foram os meus pais. Meu pai (o médico Marcos Antonio Barbosa da Silva) é o homem mais sábio e bondoso que eu já conheci. Teve uma infância humilde e sempre trabalhou muito duro pra conseguir subir na vida. Ele sempre me incentivou a seguir meus sonhos, mas acima de tudo a espalhar bondade e sempre ajudar o outro quando possível. Minha mãe (Suzemires Marcia Lopes Sobral Barbosa da Silva) é um mar de carinho, sempre sorridente, bem-humorada, colocando juízo na minha cabeça e me levando pra lá e pra cá de um ensaio ao outro. Minha professora de dança Heloísa Duque também foi minha referência na parte artística. Ela me ajudou a encontrar minha voz como artista e me deu toda a técnica que eu precisava para conseguir uma vaga numa universidade americana. Se não fossem por essas pessoas, não estaria aqui.
JC – Foi difícil optar pela dança?
MATEUS – Não, difícil seria viver fazendo o que não gosto. Seguir minha paixão como a minha profissão foi uma decisão quase que automática. Financeiramente pode ser mais difícil, porque eu provavelmente não ganharei o mesmo que um advogado ou um médico, mas acredito que com muito trabalho duro eu terei, no mínimo, uma vida estável e feliz, e isso que importa mais. Na minha vida decidi priorizar a minha saúde mental e realização profissional à ganância.
JC – Você enfrentou algum preconceito na escola ou entre amigos? 
MATEUS – Não, nada que me afetou muito. A maior parte dos meus amigos (os que realmente importam) sempre me apoiaram (e ainda apoiam), e achavam um máximo o fato de eu ser um artista.
JC – Você sempre encontrou apoio da sua família para se dedicar à dança? 
MATEUS – Sempre. Cresci amando o palco e sempre fui muito responsável, então acho que meus pais e familiares aprenderam no decorrer dos anos que aquela era a minha paixão e que não tinham outra opção a não ser me apoiar incondicionalmente.
JC – Qual as maiores dificuldades que você enfrentou e enfrentam os bailarinos que moram em cidades como o Recife?
MATEUS – Sempre achei difícil achar aulas de teatro/teatro musical e canto perto de onde eu morava em Boa Viagem. Dança era mais fácil, mas eu ainda sentia dificuldade de achar mais variedades de estilos como sapateado e hip-hop.
JC – Como surgiu a oportunidade de estudar nos Estados Unidos? 
MATEUS – Sempre falei para o meu pai que queria estudar fora em algum momento da minha vida e ele me incentivou a pesquisar e tentar achar alguma forma de fazer faculdade nos EUA. Eu achava que era impossível, mas acabei achando a empresa ABBA Mundy (associada a escola de idiomas ABBA), que basicamente ajuda estudantes brasileiros a aplicarem para universidades americanas. Acabei marcando uma reunião com eles e menos de um ano depois daquele dia eu já estava começando meu primeiro semestre de faculdade na West Texas A&M University (WTAMU). Eu tenho três bolsas diferentes. Recebo uma bolsa do Lonestar Ballet (Cia de Ballet onde trabalho), recebo uma bolsa acadêmica da universidade por manter minhas notas altas e recebo a bolsa Good Neighbor Scholarship do governo texano, que cobre o valor de todas as minhas aulas. O resto (aluguel, comida, plano de saúde, etc) é bancado pela minha família.
JC – Seu curso é especificamente de dança? Ou de teatro musical? 
MATEUS – Vim para a universidade inicialmente para estudar teatro musical e depois de 2 anos troquei meu curso para dança (apesar de ainda pagar a cadeira de canto particular como cadeira eletiva todo semestre). Me formarei sem atraso em maio de 2017 com um BFA em Dance, depois de 4 anos de estudos. Como todo bailarino no século 21, sempre procuro ser o mais versátil possível, mas diria que meu foco de estudo são os estilos de dança do teatro musical: jazz, ballet e sapateado.
JC – Você estreou como protagonista Dr. Jekyll e Mr. Hyde. Foi difícil conseguir este papel? Como foi sua preparação e qual o maior desafio? Você poderia falar um pouco do seu personagem?
MATEUS – Estou trabalhando como bailarino na Lonestar Ballet faz um ano e meio. Como um membro profissional da companhia, sempre sei que estarei presente em todos os ballets da temporada, a nossa diretora só escolhe quem vai fazer qual papel. Mr Hyde foi o meu primeiro papel principal num ballet, meu primeiro vilão também. Meu personagem é basicamente o alter ego assassino do Dr Jekyll. A estreia do ballet foi incrível. Depois dos passos de dança, dos figurinos e das luzes serem adicionadas à equação nós estávamos prontos para receber a plateia, e a plateia adorou o espetáculo. Foi uma troca incrível de energia.
JC – Quais são os seus planos no futuro? 
MATEUS – Acabei de passar nove semanas em Nova York fazendo o curso profissionalizante do Broadway Dance Center. Pude fazer aula com bailarinos/professores renomados como David Marquez, Karla Garcia, Phil Orsano, etc. Além de fazer muitos contatos com artistas e agências de talento. Acho que vou me mudar pra Nova York depois que me formar e trabalhar duro e continuar seguindo meus sonhos, um dia atrás do outro. Estou longe de alcançar meus objetivos, mas, com certeza, estou mais perto do que eu estava ontem.
JC – Você acredita que é possível viver decentemente de dança no Recife? 
MATEUS – A melhor forma de viver de dança em Recife ainda é ensinando, como professor de dança. Infelizmente não temos muitas companhias de dança e a maioria dos bailarinos recifenses tem que manter outros trabalhos para ajudar renda.
JC – Durante suas férias em janeiro, você deve ministrar um curso no Recife, para finalizar uma versão do espetáculo Mamma Mia. Qual sua expectativa e o que você deseja repassar aos alunos? 
MATEUS – O curso vai ser de uma semana e eu vou coreografar três números musicais. Estou muito animado para trabalhar com o pessoal da Lalu Academia de Artes. Nesses três anos e meio que vivi nos EUA, aprendi muito sobre a cultura deles e sobre o que significa ser um artista aqui. Fico muito feliz de poder compartilhar isso tudo com meus conterrâneos. Parece até um sonho o fato de eu estar retornando para minha terrinha pra dar aula na primeira escola de teatro musical de Pernambuco.


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